Palavra de especialista
O momento certo de furar a orelha do bebê Publicado: 21 Abril 2020 | Última Atualização: 01 Mai 2020

O ato de furar a orelha do bebê é uma prática muito antiga e comum e um dos questionamentos está relacionado ao melhor momento de realizar o furo.

Existem aqueles que já querem que o bebê esteja com a orelha furada na saída da maternidade, além de poder apresentar a criança para todos com o furo, as vantagens seriam de que o bebê não lembraria do sofrimento e da dor do procedimento, e aproveitariam o ambiente hospitalar para maior segurança.
Porém, pensando em segurança, devemos levar em consideração a saúde do bebê. O recém-nascido pode estar frágil ainda e, de fato, ainda não possui uma boa imunidade. Por esse motivo, é mais aceitável a realização do furo entre o primeiro e o terceiro mês de vida, período em que o bebê já conseguiu ganhar peso, habitualmente ainda está amamentando no peito materno e, portanto, possui uma certa imunidade passada pela mãe, e já recebeu algumas vacinas.
Também não vejo problemas em postergar o furo das orelhas, uma vez que algumas pessoas pegam gosto e continuam fazendo furos nas orelhas, sem grandes sofrimentos. Talvez o maior sofrimento em furar a orelha do bebê seja o dos pais. Até uma certa idade, as crianças superam e esquecem, já os pais podem continuar lembrando.
Pessoalmente, prefiro realizar esse procedimento a partir de 1º mês de vida do bebê. O processo é simples e rápido, muitas crianças nem chegam a chorar com o furo, mas apenas com a mudança de ambiente, presença de pessoas estranhas, e com o posicionamento e imobilização necessários para realizar o furo. Logo após, já esqueceram e não choram mais. Nesses casos, cuidados simples de higiene e manuseio tornam o uso do brinco seguro.
Vale a reflexão dos riscos que o procedimento traz. Não é raro aparecerem crianças um pouco maiores com infecção no local do brinco e até mesmo com a tarraxa do brinco presa dentro do furo, o que não é fácil de extrair. Enquanto são bebês ainda é dever dos pais limparem e cuidarem da orelhinha, mas quando ficam maiores, pode ser mais difícil.
Crianças correm, pulam e brincam, o que é natural. Um brinco pode enganchar e causar um acidente em outras crianças ou até mesmo nelas, rasgando a pele, sendo necessário uma cirurgia de urgência para reconstruir a orelha.
Em bebês, o brinco pode enroscar em mantas, cobertas e lençóis, e merecem toda a atenção no seu manuseio. Não existe momento ideal para corrigir o rasgo na orelha. Caso não esteja sangrando mais, ou seja, sem urgência, é possível postergar para um melhor momento. É importante lembrar que para fazer a correção com anestesia local, a criança precisa colaborar, o que dificilmente acontecerá nos primeiros anos de vida e, às vezes, até no início da adolescência.

Texto por Dr. Fernando Amato

Dr. Fernando Amato é médico cirurgião plástico, membro titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).